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Começa formação profissional de catadores de Goiás

Incubadora Social da UFG é uma das parceiras do Projeto Cataforte, cuja finalidade é estruturar o trabalho feito com materiais recicláveis em todo o país

Por Patrícia da Veiga

Fotos: Vinicius Batista

 

Desde a década de 1950, o que a sociedade descarta de seu consumo, muita gente reaproveita, como forma de sobreviver dentro do modo de produção capitalista. Aqueles que outrora eram marginalizados, classificados como “catadores de lixo”, tentam hoje sair de uma situação de miséria, desemprego, exploração e informalidade, buscando se afirmar enquanto categoria. Para tanto, o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), no bojo dos movimentos sociais brasileiros, se organizou e conseguiu que o Executivo Federal se comprometesse com a estruturação e a capacitação de suas atividades.

 

Nasceu, assim, o projeto Cataforte, fruto de uma demanda social e com previsão orçamentária de R$ 16,8 milhões. Consolidado por meio de convênio entre o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) e a Fundação Banco do Brasil, esse projeto tem como objetivo, em um primeiro momento, estimular os catadores a se organizarem e, em uma segunda instância, equipar esses grupos para que tenham condições materiais de transformar sua força de trabalho em negócio (recolhendo, separando e reciclando o lixo, ou seja, controlando todas as etapas do processo de reaproveitamento do excedente do consumo social).

 

Para isso, é preciso formação. Em Goiás, a partida para essa empreitada ocorreu no último final de semana, dias 26 e 27 de junho, com a realização do primeiro módulo de um curso que durará até novembro e percorrerá cerca de 10 municípios goianos (entre eles, Aparecida de Goiânia, Trindade, Goianira e Anápolis).

 

Em Goiânia, as aulas foram ministradas na Faculdade de Direito. Por meio da Incubadora Social, a UFG é parceira do Cataforte e oferece toda a logística necessária para que essa formação para o cooperativismo se concretize.

 

A realização estratégica do Cataforte, lançada em edital pelo MTE o ano passado, ficou por conta da Organização não governamental Moradia e Cidadania, que planejou a capacitação com o nome de Projeto Cooperar. Conforme o coordenador estadual da Ong, Márcio Polveiro, seis módulos abordarão temas como economia solidária, aspectos jurídicos e contábeis do cooperativismo e a importância dos catadores para a sociedade e para o meio ambiente. Neste primeiro momento, o MNCR se apresentou, contou sua história e definiu suas bases de articulação e luta. “Essas etapas são importantes porque há uma necessidade muito grande de eles se colocarem diante da sociedade”, comentou Márcio.

 

 

 

Disputa de classes - Um levantamento prévio do MNCR e da Ong Moradia e Cidadania estima que 400 pessoas sejam beneficiadas por essa formação no estado. Contudo, o presidente do Movimento em Goiás, José Iramar, lembra que há mais gente na informalidade e daí é que surge a necessidade desse apoio institucional. “São, na verdade, 3,5 mil catadores no estado. Só conseguimos registrar esses 400, mas o projeto pode nos auxiliar com os demais”, afirma.

 

Para ele, a maior meta do MNCR e desta parceria com o Estado brasileiro é fazer com que as pessoas que trabalham na reciclagem de materiais aprendam a sobreviver de forma solidária e independente dos patrões. “Calculamos que, hoje, 89% do que é reciclado no país venha de nós, catadores. Queremos, portanto, minar os 11% que vêm das empresas”. Depois da capacitação, o Cataforte passará pela fase do investimento em espaço, maquinário e equipamentos necessários para que cooperativas e associações (tanto as já existente como as futuras) possam competir, de fato, com as indústrias.

 

 

Fonte: Portal da UFG