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Troca de emprego para ganhar mais bate recorde no ano

A contrapartida do aumento das demissões por decisão do trabalhador é a ampliação da taxa de rotatividade no emprego formal

 

Troca de emprego por mais salário bate recorde

Valor Economico

João Villaverde e Samantha Maia, de São Paulo
02/08/2010

A contrapartida do aumento das demissões por decisão do trabalhador é a ampliação da taxa de rotatividade no emprego formal

Depois de trabalhar durante três anos em uma única empresa, o economista Glauco Lins Camargo, de 32 anos, já mudou duas vezes de emprego neste ano, com dois aumentos de salário. Ele é um exemplo claro do que ocorre no mercado de trabalho brasileiro. Nos primeiros cinco meses do ano, dois recordes mudaram o padrão desse mercado. De janeiro a maio, 30,5% das pessoas desligadas pediram demissão, percentual bem acima do auge anterior, de 26%, registrado em 2008. A troca de emprego por decisão do trabalhador levou à outra mudança inédita, a redução dos pedidos de seguro-desemprego para o menor nível em dez anos.

A contrapartida do aumento das demissões por decisão do trabalhador é a ampliação da taxa de rotatividade no emprego formal, que nunca foi tão alta em um início de ano. O indicador construído pelo Ministério do Trabalho mostra quantos trabalhadores foram substituídos em uma empresa ou setor no mês em análise. A rotatividade média oscila, desde 2005, em torno de 3,6% ao mês. Em junho, atingiu a marca de 4,10 pontos, a maior para o mês desde 2005.

A rotatividade, em geral, decorre da decisão das empresas de trocar seus funcionários, seja por inadequação ou para reduzir os custos da folha de pagamentos. Os dados de 2010 indicam que, neste ano, a taxa está aumentando também por decisão dos trabalhadores, que encontram empregos com maior remuneração, como no caso do economista Camargo. Por isso, a rotatividade ajuda a reduzir a demanda por seguro-desemprego.

A menor disposição para pedir seguro-desemprego é inédita. No biênio 2007/2008, quando o PIB também teve forte aumento, a proporção de trabalhadores que solicitaram o benefício em relação aos que foram dispensados sem justa causa variou entre 87,2% e 77,3%. Neste ano, essa taxa caiu de 78% em fevereiro para 71% em abril e 57,9% em maio, o menor nível de toda a série histórica.

Troca de emprego para ganhar mais bate recorde no ano



João Villaverde, de São Paulo
02/08/2010

Ruy Baron/Valor

Foto Destaque

Sérgio Mendonça, do Dieese: rotatividade está acima da média histórica

Nos primeiros cinco meses deste ano, dois recordes mudaram o padrão do mercado de trabalho brasileiro. De janeiro a maio, 30,5% das pessoas desligadas pediram demissão, percentual bem acima do auge anterior, de 26%, registrado em 2008. A troca de emprego por decisão do trabalhador levou a outra mudança inédita - a redução dos pedidos de seguro-desemprego para o menor nível em dez anos.

Levantamento realizado pelo Valor com dados do Ministério do Trabalho mostra que os resultados de 2010 são mais expressivos que os de 2008, quando o ciclo de crescimento econômico iniciado em 2004 alcançou seu auge. Dos trabalhadores com carteira assinada que deixaram seus empregos entre janeiro e maio de 2008, o equivalente a 23,8% o fizeram por conta própria. A proporção despencou no ano seguinte, quando, em igual período, representaram 16% dos desligados de suas funções. O recorde anterior (26%) foi atingido no período entre junho e outubro de 2008, logo antes da explosão dos efeitos da crise mundial sobre a economia brasileira.

A contrapartida do aumento das demissões por decisão do trabalhador é o aumento da taxa de rotatividade no emprego formal, que nunca foi tão alta em um início de ano. O indicador construído pelo Ministério do Trabalho mensura quantos trabalhadores foram substituídos em uma empresa ou setor no mês em análise. A rotatividade oscila, desde 2005, em torno de 3,6% ao mês. No primeiro trimestre de 2008, o indicador chegou a atingir média de 4,07. Em igual período deste ano, a média foi maior e o resultado mensal de junho, 4,10 pontos, é o maior para o mês desde 2005 (ver gráfico).

A rotatividade, em geral, decorre da decisão das empresas de trocar seus funcionários, seja por inadequação de um recém-contratado, seja pela oportunidade de contratar um funcionário mais qualificado, seja para reduzir o custo total da folha de salários, substituindo remunerações mais altas por outras menores. Os dados de 2010 indicam que, neste ano, a taxa está aumentando também por decisão dos trabalhadores, que provavelmente encontraram um emprego melhor ou com maior remuneração. Por isso, ela ajuda a reduzir a demanda por seguro-desemprego.

 

Foto Destaque

 

"Numa época de expansão econômica, como a que vivemos hoje, é normal que parcela maior dos desligamentos seja motivada por pedidos de demissão, uma vez que o trabalhador encontra salários maiores. A empresa, que perde o funcionário, vai atrás de outro, e assim sucessivamente. A taxa de rotatividade aumenta e a demanda por seguro-desemprego diminui", afirma Hélio Zylberstajn, presidente do Instituto Brasileiro de Relações de Emprego e Trabalho (Ibret). Zylberstajn, que também é professor da USP, avalia que o processo é "altamente pró-cíclico", uma vez que depende do aquecimento econômico. "Em momentos de baixa, ninguém quer sair do emprego, então os pedidos de demissão diminuem", diz.

A menor disposição para pedir seguro-desemprego, no entanto, é inédita, ainda que o ritmo de crescimento da economia hoje seja semelhante ao de anos como 2007 e 2008, quando o PIB passou por elevações de 6,1% e 5,1%, respectivamente. Naquele biênio, a proporção de trabalhadores que solicitaram o benefício em relação aos que foram dispensados sem justa causa variou entre 87,2% e 77,3%.

De janeiro de 2005 para cá, contando os resultados recordes de 2010, a média dessa relação foi 81,3%. À exceção de janeiro, quando a relação entre requerentes e demitidos sem justa causa obteve valor igual à média histórica, todos os outros meses de 2010 tiveram resultados inferiores à barreira dos 80% - saindo de 78% em fevereiro para 71% em abril, chegando a derreter em maio, quando atingiu o vale de toda a série, 57,9%.

Para Sérgio Mendonça, assistente da coordenação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o resultado recorde de 2010 na comparação com outros períodos de atividade aquecida pode estar condicionada ao aumento da taxa de rotatividade além da média histórica. "Mesmo aqueles que são demitidos não requerem o seguro-desemprego, porque logo conseguem outro trabalho", diz ele.

Além disso, avalia Mendonça, "como a rotatividade está muito alta, muitos não conseguem permanecer no emprego pelo tempo determinado em lei para assegurar o seguro". Para acionar o seguro-desemprego junto ao Ministério do Trabalho é preciso ter ao menos seis meses de vínculo empregatício com carteira assinada.

Segundo João Saboia, diretor do Instituto de Economia da UFRJ, a demanda por benefícios do seguro-desemprego deve continuar em patamares rebaixados até o fim do ano. "Entramos agora no melhor momento do mercado de trabalho brasileiro, que é o período entre agosto e novembro", diz Saboia, para quem a taxa de desemprego continuará caindo e a rotatividade aumentando. "Se você pode ganhar mais porque outra empresa está oferecendo salários maiores, você não vai se agarrar ao emprego no qual está agora", afirma.

Salário maior e trabalho mais atrativo motivam transferências



Samantha Maia, de São Paulo
02/08/2010

Claudio Belli/Valor

Foto Destaque

Glauco Lins Camargo: economista já trocou de emprego duas vezes este ano e passou a ganhar R$ 3 mil a mais por mês

Este ano começou agitado na vida profissional de Glauco Lins Camargo, economista de 32 anos. Depois de três anos trabalhando na ZFAC Factoring como gerente do setor de atendimento à pessoa jurídica, ele hoje já está no seu terceiro emprego do ano.

Com toda a carreira dedicada ao mercado financeiro, Camargo teve neste ano a oportunidade de mudar de ambiente de trabalho - desde que se formou sempre havia trabalhado em bancos - e passar a ter participação sobre os negócios.

A primeira mudança ocorreu em março, quando ele foi chamado para ser gerente financeiro da Val Seguradora. Pouco tempo depois, surgiu uma proposta ainda melhor, para trabalhar na companhia automotiva Forjafrio, que vinculava ao salário uma variável sobre o faturamento.

Em apenas alguns meses e duas mudanças, o salário de Camargo aumentou em R$ 3 mil. "Nas minhas decisões de mudar não pesou apenas a proposta salarial, mas a possibilidade de desafio, de sair de um banco e virar gerente financeiro", diz. Ele considera que o mercado de trabalho na sua área está aquecido, mas continua exigente com o desempenho dos funcionários.

A oferta maior de emprego tem possibilitado aos trabalhadores ir para áreas que correspondem melhor ao seu perfil. A decisão da mudança passa a ficar mais nas mãos dos funcionários e, segundo os profissionais ouvidos pelo Valor, apesar da valorização salarial ser importante, o que mais pesou nas suas decisões foi poder realizar uma atividade que preferem.

Suellen Higashi, 24 anos, é recém-formada em economia e estava atuando na área contábil. Em março, foi chamada para trabalhar como analista financeira na prestadora de serviços de assistência Inter Partner Assistance.

Segundo ela, a proposta salarial foi atrativa, representando um aumento de 20% sobre a remuneração anterior, mas não foi isso que definiu a sua mudança. "O que mais me interessou foi poder trabalhar com foco maior no setor financeiro, além de ser um desafio e um cargo que demanda o uso do inglês e do espanhol", diz a economista.

Formado em administração, Douglas do Nascimento, 35 anos, trabalha há 11 anos no mercado de seguros. Nos últimos quatro anos, trabalhou como subscritor de riscos patrimoniais na RSA Seguros. Em maio, foi chamado pela Liberty Seguros para atuar, além das análises e cotações, no contato com os clientes.

Apesar de se manter na área em que vinha atuando, ele explica que poder trabalhar com o setor comercial foi o que mais o atraiu. "No emprego atual eu trabalho também indo atrás de negócios", diz.

Não foi a primeira vez que recebeu uma proposta, mas foi a primeira que realmente valeu a pena, conta. A proposta do novo emprego cobriu salário anterior, representando uma valorização de 35%, mas ele diz que já recusou convites mais atrativos financeiramente por não achar que o emprego lhe traria melhores perspectivas. "Não é só a questão financeira que precisa ser avaliada. O emprego tem de abrir novas perspectivas, e minha mudança foi por apostar no crescimento da Liberty", diz.

Centrais miram demissão sem justa causa



De São Paulo
02/08/2010

Ao lado da redução da jornada de trabalho, a aprovação da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) é a principal bandeira do movimento sindical brasileiro. As centrais pressionam o Congresso para que a convenção seja aprovada, algo que dificilmente ocorrerá ainda neste ano. A Convenção 158, que impede as empresas de demitirem seus funcionários sem justa causa, foi aprovada pela OIT em Genebra (Suíça) em 1982, mas o acordo foi rompido pelo governo brasileiro após o decreto 2.100, de 1996, assinado pelo então presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Primordialmente, a Convenção 158 visa atenuar a rotatividade no mercado de trabalho.

Em junho, a taxa de rotatividade auferida pelo Ministério do Trabalho foi a maior para o mês desde 2005, atingindo 4,1 pontos, superior aos 3,9 pontos registrados em junho de 2008, quando a economia passava por expansão semelhante. Mas alguns setores, como construção civil e agropecuária, tiveram taxas de rotatividade muito superiores à média. "A Convenção 158 inibe exatamente isso, quer dizer, que empresas troquem de funcionários como forma de diminuir seus custos com mão de obra", diz Sérgio Mendonça, assistente da coordenação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Enquanto o setor de serviços registrou taxa de rotatividade de 3,6 pontos em junho, inferior à taxa geral, os trabalhadores de construção civil e do setor agropecuário tiveram taxa de rotatividade de 7,5 e 6,1 pontos. O comércio também apresentou resultado acima da média, obtendo 4,3 pontos. (JV)

 

 

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Fonte: Valor Econômico